Ai Que Frio Bão

Frio Bão é muito mió
Se eu tivé acumpanhada
Mai si eu estivé sozinha,
Morro dura e cungelada!
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Num tem cobertô mió
Que os braço do meu amô
Intonce eu num sinto frio,
Chego até sinti calô...
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Credo in cruiz, misericórdia,
Nha Zefa que tá sozinha
Ta roxa de sinti frio,
Tenho dó da coitadinha.
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Fui inté na casa dela,
Pra levá um cobertô,
Entrei - tava a porta aberta,
Gelei cum o que vi... ó dô...
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Vi a danada quentinha
Nos braço do Zé Tição
- Ele é meu home, sabia?
Mai que baita traição.
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Nunca supuis tar desdita,
Virei fera nessa hora,
Pidi corage pros santo,
Pros anjo e Nossa Sinhora.
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Eles me viru e gelaro,
Ele nu... e ela pelada!
Nem pisquei; joguei nos dois
Um barde dágua gelada!
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Deixei os dois pavorados
Tremendu de frio e medo...
E eu depressa fui simbora,
Vô ti contá um segredo:
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...Mar sabe ele, coitado...
Pensa que sabe de tudo...
Pois eu tambeim num sô santa
E ele tambeim é chifrudo.
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Num me arrependo di nada,
Traição pur traição,
Tem otros braço mió
Que os braço do Zé Tição!

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♦ Mírian Warttusch

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