segunda-feira, 16 de abril de 2007

A PRINCESA E O PASTOR

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Reverenciam as flores do caminho,
Desanuvia-se o céu, polidamente
A avezita fagueira volta ao ninho,
Cantam os regatos em sua corrente
Palpita a brisa, num suave carinho
Cala a floresta, com respeito ardente!

Nem a poeira da estrada, se levanta,
Quando a caleça real por ela passa
A natureza, imóvel, então se encanta,
Ante a princesa real, sorri com graça!
Num doce embalo, o reino se acalanta
E ao ranger das rodas, o tempo se compassa

Se espalha a relva, num tapete imenso
Tão sonhadora, está tão linda, a natureza!
Flores vicejam, com perfume intenso
Adornam, mimosas, a chegada da princesa!
Jamais se vira um verde assim tão denso
Vestindo as ramagens à espera da princesa!

Recanto terno e doce, em que os pastores,
Trazem as ovelhas para as recolher
Elas vêm balindo, quase em estertores
Chegam ao aprisco antes do anoitecer
Ali, princesa e pastor, morrem de amores
Esquecem o preconceito até o amanhecer...

No céu os círios, de púrpura, dourados,
Acendem-se, tremeluzindo de calor...
E os astros, curiosos, são chegados,
Na espreita da princesa e seu pastor
Que entre beijos, sorrindo, apaixonados,
Trocam mil juras de perpétuo amor

A carruagem parte... deixa uma poeira
E a noite estrelada, difusa, se apagou...
Mesmo que o coração dos dois, assim não queira
Ela partiu para o castelo e o pastor ficou...
E a lua pálida, bem alto, sorrateira,
Foi sumindo.... sumindo.... e o dia então chegou!
*
Mírian Warttusch

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